3 de novembro de 2016, 21h06
O governo federal liberou mais de R$
57 milhões em créditos extraordinários ao
Judiciário. Os valores foram destinados à Justiça Federal de primeiro grau, à
Justiça Militar da União, ao Superior Tribunal de Justiça, ao Tribunal Regional
Federal da 5ª Região, ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e aos
tribunais regionais do trabalho da 1ª (RJ), 3ª (MG), 4ª (RS), 6ª (PE), 8ª
(PA/AP), 11ª (AM/RR), 12ª (SC), 18ª (GO), 23ª (MT) e 24ª (MS) regiões.
A Justiça Federal de primeiro grau foi o destino da maior parte: R$ 18,6
milhões — ou 32%. Em seguida vem o Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região
(RJ), que recebeu mais de R$ 15 milhões, que representam 27% dos R$ 57 milhões.
No terceiro lugar está o STJ, com R$ 9,8 milhões.
Os R$ 57 milhões transferidos à Justiça são parte de um pacote de R$ 82
milhões. A diferença fica a cabo da Câmara dos Deputados. O aporte de mais de
R$ 24,7 milhões vem uma semana depois que a Casa aprovou, em segundo turno, a
Proposta de Emenda Constitucional 241/2016, que ficou conhecida como a PEC do
Teto de Gastos.
Dinheiro escasso
Os R$ 22,8 milhões destinados à Justiça do Trabalho são o segundo aporte feito pelo governo federal neste ano. Em julho, foram liberados R$ 353 milhões em créditos extraordinários para atenuar o corte orçamentário. À época, o Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), apesar de elogiar o repasse, declarou que o montante era insuficiente.
Os R$ 22,8 milhões destinados à Justiça do Trabalho são o segundo aporte feito pelo governo federal neste ano. Em julho, foram liberados R$ 353 milhões em créditos extraordinários para atenuar o corte orçamentário. À época, o Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), apesar de elogiar o repasse, declarou que o montante era insuficiente.
O CSJT classificou como as situações mais precárias as das cortes do Trabalho
de Goiás, do Rio de Janeiro e de Mato Grosso. Nesse novo crédito, o TRT do RJ
recebeu mais de R$ 15 milhões; o de MT, R$ 495 mil; e o de GO, R$ 403 mil. No
aporte anterior, essas cortes receberam R$ 2,9 milhões, R$ 852 mil e R$ 960,
respectivamente.
A Justiça do Trabalho tem uma das situações mais preocupantes. Os cortes
chegaram a 30% em despesas de custeio e 90% da verba para investimentos. Por
causa disso, alguns TRTs afirmaram que paralisariam suas atividades a partir de
agosto. Nenhuma suspensão de atividades ocorreu até agora.
Antes dos aportes, o Tribunal Regional do Trabalho da 18ª
Região (GO), por exemplo, anunciou que demitiria 94 estagiários e 60 jovens
aprendizes que trabalham na corte. Também havia dito que devolveria
97 equipamentos alugados.
Em junho, 38 estagiários da área administrativa tiveram seus contratos
rescindidos pelo TRT-18. A corte também reduziu funcionários terceirizados,
cortando sete postos de trabalho na área de vigilância e seis na copa.
Em nota, o TRT-18 informou que a MP não resolverá os problemas da corte
e que manterá os cortes. "Com esses recursos, o tribunal ganha um fôlego
suficiente para se manter por aproximadamente mais 15 dias, garantindo seu
funcionamento até meados do mês de outubro deste ano."
Outra corte em maus lençóis é o Tribunal Regional do Trabalho da 9ª
Região (PR). Em abril deste ano, o presidente da corte, desembargador Arnor
Lima Neto, classificou a situação como dramática e ameaçou fechar as portas em
outubro, mas nada aconteceu nesse sentido. O corte de verbas destinadas ao
custeio e aos investimentos foram, respectivamente, 27,85% e 90% menores que as
registradas em 2015.
Esse cenário fez com que o presidente
do Tribunal Superior do Trabalho e do CSJT, ministro Ives Gandra Martins Filho, se
reunisse com o presidente interino Michel Temer, representantes do
Ministério do Planejamento, do Ministério da Fazenda, da Casa Civil e do
Congresso Nacional. Dias antes, o Tribunal de Contas da União, questionado pelo
Ministério da Fazenda, considerou possível a edição abertura de créditos
extraordinários “quando a insuficiência de dotação puder potencialmente acarretar
a descontinuidade de serviços públicos essenciais”.
Veja os totais liberados pelo governo
federal, seus destinos e suas justificativas:
Destino 
 | 
   
Justificativa 
 | 
   
Valor (R$) 
 | 
  
Câmara
  dos Deputados 
 | 
  
Processo
  legislativo, fiscalização e representação política 
 | 
  
24.701.537 
 | 
 
Justiça
  Federal (1º grau) 
 | 
  
Julgamento
  de causas na Justiça Federal (nacional) 
 | 
  
18.638.755 
 | 
 
TRT-1
  (RJ) 
 | 
  
Apreciação
  de causas na Justiça do Trabalho 
 | 
  
15.789.758 
 | 
 
Superior
  Tribunal de Justiça 
 | 
  
Apreciação
  e julgamento de causas (Brasília) 
 | 
  
9.827.915 
 | 
 
Justiça
  Militar da União 
 | 
  
Processamento
  de causas na Justiça Militar da União (nacional) 
 | 
  
3.870.000 
 | 
 
TRT-3
  (MG) 
 | 
  
Apreciação
  de causas na Justiça do Trabalho 
 | 
  
2.535.361 
 | 
 
TRF-5 
 | 
  
Julgamento
  de causas na Justiça Federal (nacional) 
 | 
  
2.100.000 
 | 
 
TRT-11
  (AM/RR) 
 | 
  
Apreciação
  de causas na Justiça do Trabalho 
 | 
  
1.398.500 
 | 
 
TRT-4
  (RS) 
 | 
  
Apreciação
  de causas na Justiça do Trabalho 
 | 
  
642.000 
 | 
 
TRT-6
  (PE) 
 | 
  
Apreciação
  de causas na Justiça do Trabalho 
 | 
  
523.004 
 | 
 
Tribunal
  de Justiça do Distrito Federal 
 | 
  
Assistência
  jurídica a pessoas carentes 
 | 
  
600.000 
 | 
 
TRT-12
  (SC) 
 | 
  
Apreciação
  de causas na Justiça do Trabalho 
 | 
  
498.753 
 | 
 
TRT-23
  (MT) 
 | 
  
Apreciação
  de causas na Justiça do Trabalho 
 | 
  
495.000 
 | 
 
TRT-18
  (GO) 
 | 
  
Apreciação
  de causas na Justiça do Trabalho 
 | 
  
403.140 
 | 
 
TRT-8
  (PA/AP) 
 | 
  
Apreciação
  de causas na Justiça do Trabalho 
 | 
  
369.000 
 | 
 
TRT-24
  (MS) 
 | 
  
Apreciação
  de causas na Justiça do Trabalho 
 | 
  
170.256 
 | 
 
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Revista Consultor Jurídico,
3 de novembro de 2016, 21h06
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