“O poder só é efetivado enquanto a palavra e o ato não se divorciam, quando as palavras não são vazias e os atos não são brutais, quando as palavras não são empregadas para velar intenções, mas para revelar realidades, e os atos não são usados para violar e destruir, mas para criar relações e novas realidades.” (ARENDT, Hannah Condição Humana, 2007, p. 212)

Trabalhadores abusam do seguro-desemprego para embolsar benefício

Edição do dia 30/11/2011
30/11/2011 07h43 - Atualizado em 30/11/2011 07h43


Tem gente que não quer saber de trabalho e está de olho em quem recusa qualquer vaga só para embolsar o seguro-desemprego.

Na fila do atendimento das agências do trabalhador só há desempregado, mas nem todo mundo está à procura de trabalho. “Vou viajar um pouco, quero descansar um pouco”, revelou um senhor.

Mas não é para isso que o benefício foi criado. Está na Constituição federal: o seguro-desemprego é um auxílio aos trabalhadores durante a busca de um emprego. Para evitar esse abuso com o benefício, a regra mudou: agora, assim que dá entrada no pedido de seguro-desemprego, o trabalhador é encaminhado para três vagas compatíveis com o perfil profissional dele. Só depois de esgotadas as tentativas e se ele continuar sem emprego, é que as parcelas do seguro são liberadas. Se ele simplesmente recusar as ofertas, o benefício é negado.

Desde que o novo sistema foi implantado em todo o país, em agosto, o número de seguros-desemprego caiu. No Paraná, a diferença é de 30%. Até julho, a média era de 42 mil benefícios liberados todos os meses. Em setembro, esse número caiu para pouco mais de 29 mil.

Mas tem gente que tenta dar um jeitinho para receber o auxílio. A empresária Elieth Hodas já conhece bem esse perfil. Na padaria dela, há vagas para novos funcionários. Nas entrevistas, vem a surpresa. “Foi intimando, nem foi intimidando. Uma funcionária chegou e disse que não queria o emprego. Ela queria receber o seguro-desemprego”, conta.

Quem recusar o emprego sem justificativa ou fraudar as informações tem o benefício cancelado. Isso também é crime que pode levar para a cadeia quem ajuda e quem tenta bancar o espertinho.

“Da mesma forma que o trabalhador incide no estelionato, o empregador que ajuda esse trabalhador a não ser empregado novamente estará contribuindo e poderá ser denunciado pelo Ministério Público Federal”, alerta a juíza Neide Fugivala Pedroso.

Um comportamento que Orlando não consegue entender. Ele até conseguiu o direito de receber o seguro-desemprego, mas não quer nem pensar em receber todas as parcelas. “Eu prefiro trabalhar. Se alguém tiver vaga, pode chamar”, comenta.
 

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